terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Zona Industrial II - A Polémica Continua


Em boa hora acedi a este blogue, considerando o seu conteúdo. Que não resisto a comentar.

Três leitores do Jornal Novo de Valongo vêm a terreiro defender a Zona Industrial II. Curiosamente, não são de Alfena, mas de Valongo e Sobrado, o que, para mim, é significativo.

São três “cartas de leitores” que cheiram a encomenda – porque, em política, o que não parece, geralmente, é! - e cuja pobreza de argumentos em defesa da Zona Industrial II de Alfena (Alfena ou Sobrado? Ou me engano muito ou isto ainda vai ser cá uma destas guerras…, graças, sem dúvida, à notabilíssima actuação dos nossos autarcas passados e presentes) corrobora a suspeita, pela coincidência com os do partido que nos gere.

Os referidos, são os do costume: o “desenvolvimento” da localidade e o “emprego”. Uma análise séria e desapaixonada AQUI coloca os pontos nos “ii”. Entretanto, nada se perde com mais estas achegas. Ei-las:

UMA: Desenvolvimento já foi electricidade, já foi estradas, já foi rotundas, já foi saneamento, já foi habitação, já foi igreja, já foi escolas, já foi o mais que me não lembro e, presentemente, parece que é zona industrial. Mesmo com uma outra, quase deserta. Porventura está na moda. Outras modas virão, com o tempo. Por detrás de tudo isto e sempre, a especulação imobiliária, o verdadeiro “leitmotiv” deste “desenvolvimento”. Sei do que falo – pelo menos em relação a Alfena.

Saber-se-á que, desenvolvimento, também pode ser maiores e melhores espaços verdes, melhor qualidade ambiental, menor poluição, menos cheias nos rios, menos inundações, menos incêndios, mais qualidade estética e funcional das construções, melhor preservação do património e muita coisa mais que tem pouco a ver com betão? Saber-se-á que o mais importante de uma qualquer localidade não é o cimento nem o alcatrão, mas sim as pessoas? TODAS as pessoas e não apenas as da nossa cor política?

DUAS: O argumento “emprego”, para além de muito velho, é o mais usado. Por ser aquele que mais sensibiliza quem o ouve e ser transmissor de uma ideia de preocupação que os nossos edis, têm relativamente ao povo, sobretudo em tempos de crise. Não há projecto – nem que depois fique no papel – que não preveja não sei quantos postos de trabalho a criar, nem parecer jurídico (que a Câmara sempre pede aquando da concessão de benesses) que os não refira como uma mais valia para o Concelho. Basta ler as actas da Câmara.

A realidade, porém, é muito mais cruel, porque os postos de trabalho, sendo o custo principal de uma empresa, são a primeira coisa, no mínimo, a ser reduzida, quanto mais não seja por, geralmente, serem indicados por excesso. E adeus, até novo projecto! Só que as benesses ficaram!!!

Também aqui sei do que falo. Durante anos, por razões profissionais, analisei projectos deste tipo em número suficiente para chegar àquela conclusão.

TRÊS: Deverei concluir que aqueles três cidadãos de Valongo e leitores do Jornal Novo de Valongo serão, quiçá, alguns dos proprietários actuais dos terrenos em causa ou, simplesmente, acreditam nas “estórias” de que ouviram falar? Prefiro admitir esta segunda hipótese, mas gostaria muito de saber o que diriam se, porventura, fossem os antigos proprietários a quem a edilidade negou capacidade construtiva, vendo-a agora ser concedida a quem – que nem sequer do Concelho é – lhes comprara as terras ao preço da chuva!

Todo o caso tem contornos imorais e fez bem a Oposição em pôr-lhe travão. Não se esqueça a Câmara, não se esqueça a Oposição, não se esqueçam os cidadãos que Administração Pública deve observar Princípios – Legalidade, Igualdade, Justiça, Imparcialidade, Boa-Fé e outros mais – que se não coadunam muito bem com práticas deste tipo.

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