quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Repor As Hierarquias, uma vez mais

Com a devida vénia a Legio Victrix
O inimigo é o dinheiro. O reino do dinheiro é o reino do estrangeiro; é também o reino do ventre. A primeira coisa que temos a dizer é que o valor de um homem não se conta em dólares, nem a grandeza de uma nação em cifras de exportações. Acima do dinheiro colocamos o homem, acima dos valores das vendas colocamos a disciplina e a energia. Na sociedade que pretendemos o negociante deverá ser como na Índia: de uma casta abastada mas pouco respeitada. Acima há o soldado, o militante, o trabalhador. Acima dele estão todas as pessoas que fazem algo por coisa nenhuma. Porque a grandeza de uma nação está nos homens dispostos a dar tudo sem nada pedirem em troca, o seu sangue, a sua vida, a sua acção…simplesmente pela honra. Quando uma nação já não tem homens desses, deixa de ser uma nação, não é mais que um aglomerado de interesses, uma sociedade por acções, com prisões e polícias.
(Maurice Bardèche)
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Decidi repor este postal a propósito do seguinte texto que, hoje, recebi por mail:


CARTA DE UM CLIENTE DO BES
(mas que podia ser de qualquer outro Banco)

Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da vossa rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os clientes pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o cliente pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza de que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-me taxas : uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do vosso negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'- equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no vosso Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos por 'papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão de que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de vosso  Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, de que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a vossa responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o vosso negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ainda os Limites da Freguesia de Alfena

No pretérito dia 30 de Novembro, tive a honra de assistir à apresentação pública de um excelente trabalho sobre os limites da Freguesia de Alfena, levado a cabo pela AL HENNA - Associação para a Defesa do Património de Alfena. Tratou-se da primeira acção pública desta Associação, da qual muito mais se espera, atendendo à elevada qualidade das personalidades que compõem os seus Corpos Sociais.

Utilizando como "guia" documentos que remontam a meados do Sec. XVII (Tombo de 1689), coevos da primeira delimitação da Freguesia, um grupo de membros desta Associação "reconstituiu" os percursos, acabando por confirmar os limites propriamente ditos, a área (cerca de 16 Km2) que os mesmos circunscrevem e o desenho cartográfico que se assemelha ao seguinte:
A questão dos limites é polémica desde há algum tempo, em virtude do mapa que a CAOP guarda como oficial e que vemos seguidamente,
de modo algum, corresponde ao historicamente definido. O pomo da discórdia é a limitação a sudeste que, no mapa oficial (CAOP) aparece quase como uma linha recta desde Ermesinde até à "fronteira" com Santo Tirso, a nordeste. Na primeira destas plantas - mais consentânea com a análise da Al Henna, a fronteira desce sobre Sobrado, eliminando um "corredor" de Valongo até à "fronteira" atrás referida. A diferença entre as duas áreas é de cerca de 3 Km2 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfena). Conforme abaixo.
Um dos presentes, o Sr. Guilherme Roque ex-presidente da Junta, referiu ter, entre 2001 e 2005, estabelecido contactos com os presidentes das juntas limítrofes, nomeadamente com o de Sobrado, havendo chegado a consenso quanto à delimitação. Porém, as eleições de 2005 deram a vitória a uma outra equipa que, por sua vez, não terá dado continuidade ao trabalho realizado até então.

Outro interveniente, o Dr. Pedro Panzina, Vereador eleito pela Coragem de Mudar, não se coibiu de afirmar que o assunto ganhou relevância para a actual Junta, apenas quando houve consciência de que a plataforma logística - que tanta polémica tem dado - eventualmente poderia não pertencer a Alfena. Em Junho de 2010, com efeito, realizou-se uma Assembleia Extraordinária de Freguesia durante a qual se pretendeu, de forma pouco ortodoxa, aprovar um mapa, a ser, posteriormente, remetido à CAOP como prova dos verdadeiros limites. As regras da CAOP são, porém, diferentes e o assunto não teve qualquer seguimento. Na mesma Assembleia, a Junta recusou a colaboação das restantes forças políticas representadas, que propuseram efectuar um tipo de trabalho que, a AL HENNA, acabou por levar a cabo.

O Sr. Arnaldo Mamede, membro da Al Henna e um dos principais protagonistas das "caminhadas pelos limites" quis saber porque não se resolvia rapidamente o problema, uma vez que havia cocordância generalizada sobre o trabalho realzado pela Associação.

Igualmente, a generalidade das intervenções referiu a necessidade do consenso entre os autarcas interessado, o que não obstou a que o Presidente da Junta de Sobrado, também presente, tivesse declarado que não tomaria a iniciativa da discussão e só participaria dela se, sob os auspícios da Câmara, todas as Juntas do Concelho interviessem na resolução dos respectivos problemas, situação que não é prioritária para a Câmara.

As palavras de circunstância pronunciadas nestas ocasiões são ditadas pela emoção e não pelo frio raciocínio. No que a mim diz respeito e porque a idade me permite ser pessimista e cínico ao mesmo tempo, não acredito que o consenso venha a resolver o que quer que seja. De facto, uma coisa é uma área de floresta, e outra é uma área industrial. Desenvolvem apetências diferentes, mesmo que se reconheça a ilegitimidade da sua posse. Por isso, não estou a ver, muito francamente o digo, que os autarcas de Sobrado ou de Valongo abram mão de um acréscimo territorial que lhes caiu do céu aos trambolhões e não mexerão um dedo nesse sentido pois correriam o risco de serem "trucidados" politicamente pelos diversos partidos.

Defendo que se encare a situação com outro realismo, desenvolvendo-se o processo de reconhecimento pela Assembleia da República, demore este o que demorar. Afinal de contas e ao que parece, a situação já se arrasta há vários anos. Mais uns quantos, não fará grande diferença e, mesmo assim, é bem capaz de ser mais rápido de que a espera por um consenso em que ninguém está interessado.

J Silva Pereira

PS - É da mais inteira justiça deixar aqui os parabéns ao Dr. Ricardo Ribeiro, Presidente da Direcção da AL HENNA, pelo excelente trabalho realizado.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

À Atenção da Al Henna

Sem qualquer tipo de pretensões, julgo tratar-se da casa rural mais antiga de Alfena que conserva a estrutura e a traça originais. As únicas obras de que foi objecto foram a substituição do telhado (originalmente em telha lusitana, substituída por telha marselhesa) e a consolidação, com cimento, do perpianho da fachada. Penso que remonta a meados do Sec. XVIII. É composta por uma estrutura de habitação, tendo uma cozinha e uma eira - com a respectiva casa - como anexos.