terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ainda os Limites da Freguesia de Alfena

No pretérito dia 30 de Novembro, tive a honra de assistir à apresentação pública de um excelente trabalho sobre os limites da Freguesia de Alfena, levado a cabo pela AL HENNA - Associação para a Defesa do Património de Alfena. Tratou-se da primeira acção pública desta Associação, da qual muito mais se espera, atendendo à elevada qualidade das personalidades que compõem os seus Corpos Sociais.

Utilizando como "guia" documentos que remontam a meados do Sec. XVII (Tombo de 1689), coevos da primeira delimitação da Freguesia, um grupo de membros desta Associação "reconstituiu" os percursos, acabando por confirmar os limites propriamente ditos, a área (cerca de 16 Km2) que os mesmos circunscrevem e o desenho cartográfico que se assemelha ao seguinte:
A questão dos limites é polémica desde há algum tempo, em virtude do mapa que a CAOP guarda como oficial e que vemos seguidamente,
de modo algum, corresponde ao historicamente definido. O pomo da discórdia é a limitação a sudeste que, no mapa oficial (CAOP) aparece quase como uma linha recta desde Ermesinde até à "fronteira" com Santo Tirso, a nordeste. Na primeira destas plantas - mais consentânea com a análise da Al Henna, a fronteira desce sobre Sobrado, eliminando um "corredor" de Valongo até à "fronteira" atrás referida. A diferença entre as duas áreas é de cerca de 3 Km2 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfena). Conforme abaixo.
Um dos presentes, o Sr. Guilherme Roque ex-presidente da Junta, referiu ter, entre 2001 e 2005, estabelecido contactos com os presidentes das juntas limítrofes, nomeadamente com o de Sobrado, havendo chegado a consenso quanto à delimitação. Porém, as eleições de 2005 deram a vitória a uma outra equipa que, por sua vez, não terá dado continuidade ao trabalho realizado até então.

Outro interveniente, o Dr. Pedro Panzina, Vereador eleito pela Coragem de Mudar, não se coibiu de afirmar que o assunto ganhou relevância para a actual Junta, apenas quando houve consciência de que a plataforma logística - que tanta polémica tem dado - eventualmente poderia não pertencer a Alfena. Em Junho de 2010, com efeito, realizou-se uma Assembleia Extraordinária de Freguesia durante a qual se pretendeu, de forma pouco ortodoxa, aprovar um mapa, a ser, posteriormente, remetido à CAOP como prova dos verdadeiros limites. As regras da CAOP são, porém, diferentes e o assunto não teve qualquer seguimento. Na mesma Assembleia, a Junta recusou a colaboação das restantes forças políticas representadas, que propuseram efectuar um tipo de trabalho que, a AL HENNA, acabou por levar a cabo.

O Sr. Arnaldo Mamede, membro da Al Henna e um dos principais protagonistas das "caminhadas pelos limites" quis saber porque não se resolvia rapidamente o problema, uma vez que havia cocordância generalizada sobre o trabalho realzado pela Associação.

Igualmente, a generalidade das intervenções referiu a necessidade do consenso entre os autarcas interessado, o que não obstou a que o Presidente da Junta de Sobrado, também presente, tivesse declarado que não tomaria a iniciativa da discussão e só participaria dela se, sob os auspícios da Câmara, todas as Juntas do Concelho interviessem na resolução dos respectivos problemas, situação que não é prioritária para a Câmara.

As palavras de circunstância pronunciadas nestas ocasiões são ditadas pela emoção e não pelo frio raciocínio. No que a mim diz respeito e porque a idade me permite ser pessimista e cínico ao mesmo tempo, não acredito que o consenso venha a resolver o que quer que seja. De facto, uma coisa é uma área de floresta, e outra é uma área industrial. Desenvolvem apetências diferentes, mesmo que se reconheça a ilegitimidade da sua posse. Por isso, não estou a ver, muito francamente o digo, que os autarcas de Sobrado ou de Valongo abram mão de um acréscimo territorial que lhes caiu do céu aos trambolhões e não mexerão um dedo nesse sentido pois correriam o risco de serem "trucidados" politicamente pelos diversos partidos.

Defendo que se encare a situação com outro realismo, desenvolvendo-se o processo de reconhecimento pela Assembleia da República, demore este o que demorar. Afinal de contas e ao que parece, a situação já se arrasta há vários anos. Mais uns quantos, não fará grande diferença e, mesmo assim, é bem capaz de ser mais rápido de que a espera por um consenso em que ninguém está interessado.

J Silva Pereira

PS - É da mais inteira justiça deixar aqui os parabéns ao Dr. Ricardo Ribeiro, Presidente da Direcção da AL HENNA, pelo excelente trabalho realizado.

2 comentários:

Ricardo Ribeiro disse...

Agradeço o bom resumo que fez da questão e da iniciativa que levamos a efeito. Julgamos que pode ser o ponto de partida para colocar a discussão no local certo, os elementos documentais e históricos, e não o «diz-que-disse» que nos trouxe até este «atoleiro».
Quanto, às amáveis palavras à minha pessoa, reencaminho-as para todos os amigos que colaboraram nesta jornada... e, em especial, ao amigo A. Mamede que partilha comigo o gosto pela História da nossa terra.
Talvez por influência da data do meu nascimento, não vou muito à bola com «Salvadores da Pátria» ou «Sebastianismos»... sou mais adepto de um bom e honesto «trabalho de equipa» :-D

Um abraço

RRibeiro

Unknown disse...

Caro Dr. R Ribeiro:

Concordo com o que diz, relativamente ao trabalho de equipa, mas a minha experiência ensinou-me, também, que é sempre a "elite" que conduz e puxa a equipa. Quer o Sr. Mamede - Amigo, cujo trabalho e saber muito admiro - quer o Caro Dr. Ribeiro, são essa "elite" tão necessária.

Grato pelas visitas a este modesto blogue.

Silva Pereira