sábado, 29 de junho de 2013

Assembleia de Freguesia de 28 de Junho

Foi mais uma Assembleia pacífica, sem grandes preocupações de agenda, característica do período de pré-férias, mas já com o pensamento nas próximas eleições.

No Período de "Antes da Ordem do Dia" a Coragem de Mudar procedeu à leitura de dois documentos. No primeiro, uma Declaração Política, teceu algumas considerações sobre a acção da Junta de Freguesia durante o mandato, rematando ter-se tratado de um Executivo que "não deixa saudades e que, sem honra nem glória, desaparecerá rapidamente da memória colectiva", ao que, na oportunidade, responderia o Sr. Presidente que "o Tempo se encarregaria de desmentir tal afirmação"

Mais adiante, no mesmo documento, a Coragem de Mudar listou um conjunto de acções que veio desenvolvendo ao longo do tempo - de que sobressaem a luta desencadeada pelo cumprimento do Estatuto do Direito da Oposição, incluindo o direito de Consulta/Audição Prévia, a luta pela correcta elaboração dos documentos (previsionais e de prestação de contas), a luta pela publicitação tempestiva e faseada da evolução do PDM, e a eliminação da inibição do livre acesso à documentação relevante através do sítio da Junta.

Com o segundo documento foram colocadas algumas "Questões" no intento de saber quais as diligências levadas a cabo pelo executivo relativamente ao constrangimento causado à  movimentação dos peões nas obras em execução - muito lenta, por sinal - relacionadas com o arranjo dos acessos ao terreno destinado ao novo Centro de Saúde e loteamento anexo,  qual a actual situação do problema do "afunilamento" do passeio da Rua 1º. de Maio defronte à Estação de Serviço da BP, e, nesta mesma rua, o porquê da demora na construção dos cerca de 700m de passeio, há muito prometidos, bem como a actual situação da reparação de variados passeios existentes em mau estado por toda a Cidade. 

Questionou, finalmente, a Coragem de Mudar" das razões do não cumprimento de promessas eleitorais dos "Unidos por Alfena, algumas das quais remontando a 2005, nomeadamente o pavilhão multiusos, o passeio pedonal ao longo do Leça, a nova área pública de lazer, o PUCCA, e a colocação do mini-autocarro ao serviço da população com dificuldades de mobilidade.

Fui curta a resposta do Sr. Presidente, referindo a ausência de verbas, quer a nível camarário, quer a nível da Junta.

No "Período da Ordem do Dia", não houve intervenções, quer relacionadas com a acta da Assembleia anterior, quer com a Informação Escrita do Presidente. Quanto a esta, apenas uma observação avançada pelo Deputado Avelino de Sousa - e, também, pelo Deputado Joaquim Penela - sobre uma divergência de datas relativa à acção de limpeza do Rio Leça, actualmente em curso.

No Período destinado ao Público, interveio um cidadão sobre um assunto de carácter pessoal, que o Sr. Presidente elucidou, ao que parece, convenientemente.

J Silva Pereira

sábado, 15 de junho de 2013

Tributo a Dominique Venner

TRIBUTO A DOMINIQUE VENNER

Alain de Benoist

Com a devida vénia a Legio Victrix

As razões para viver e as razões para morrer são muitas vezes as mesmas. Foi, definitivamente, o caso de Dominique Venner, cujo gesto teve por objectivo pôr a sua vida e a sua morte em profundo acordo. Disse que escolhia morrer da maneira que era a mais honrada em certas circunstâncias, particularmente quando as palavras se tornam impotentes para descrever e para expressar o que sentimos. Dominique Venner morreu como viveu, com a mesma vontade e a mesma lucidez. O mais notável, para todos quantos o conheceram, foi ver como toda a trajectória da sua existência é uma linha pura e recta, uma linha perfeita, de extrema rectidão.

Honra acima da Vida 

O gesto de Dominique Venner é, obviamente, uma acção ditada por um sentido de honra, honra acima da vida, e mesmo aqueles que, por razões pessoais ou outras, se opõem ao suicídio, mesmo aqueles que, diferentemente de mim, não o acham admirável, devem ter respeito pelas suas acções, porque devemos ter respeito por tudo que é feito a partir de um sentido de honra.

Não falo de política. Já em Julho de 1967, Dominique Venner rompera com qualquer forma de acção política. Era um observador cuidadoso da vida política, e, é claro, deu a conhecer os seus sentimentos. Mas penso que o que era essencial para ele estava noutro lugar, como amplamente demonstrado por muitas coisas já ditas.

Dominique Venner punha a ética acima de tudo, e esta era já a sua perspectiva enquanto jovem activista. Assim permaneceu, quando, gradualmente, o jovem activista se tornou historiador, um historiador meditativo, como ele próprio disse. Dominique Venner era bastante interessado nos textos homéricos, a Ilíada e a Odisseia, nos quais via a fundação da grande tradição imemorial europeia, primariamente por razões éticas: os heróis da Ilíada jamais ensinam lições morais, eles dão exemplos éticos, e a ética é inseparável, evidentemente, da estética.

O Belo determina o Bom

Dominique Venner não era daqueles que crêem que o bom determina o belo, era daqueles que consideram que o é belo que determina o bom. Acreditava que juízos éticos que põem os homens em evidência não são tão baseados nas suas opiniões ou ideias, mas sim são função das suas qualidades superiores ou inferiores de ser, e, sobretudo, na qualidade humana quintessencial(1) que ele resumiu numa palavra: comportamento.

Comportamento

Comportamento, que é um modo de ser, um modo de viver, e um modo de morrer. Comportamento que é um estilo, o estilo a que ele, de modo tão belo, se referiu em O Coração Rebelde, um livro publicado em 1994, e, é claro, em todas as suas obras, especialmente no livro publicado em 2009 sobre o escritor alemão Ernst Jünger. Nesse livro, Dominique disse muito claramente que se Jünger deu, e dá, um grande exemplo, não o faz, apenas, através de seus escritos, mas também porque esse homem, que teve uma vida longa, falecendo com 103 anos de idade, jamais falhou na busca do comportamento.

Dominique Venner foi um homem discreto, atencioso e exigente - exigindo de si mesmo em primeiro lugar. De alguma forma havia interiorizado todas as regras do comportamento: jamais abandonar, jamais desistir, jamais explicar, jamais reclamar, porque o comportamento (tenue) traz à mente e deriva de reserva(2) (retenue). Obviamente, quando falamos sobre tais coisas, devemos parecer marcianos para muitos habitantes desta era de smartphones e Virgin Megastores. Falar de equanimidade, nobreza de alma, altivez mental, comportamento, é empregar palavras cujos próprios significados escapam a muitos, e é por isso que os filisteus e liliputianos - aqueles que escrevem essas notas paroquiais para os bem-pensantes que os media se tornaram hoje - foram incapazes, de um modo geral, de compreender o próprio sentido de seu gesto, que tentaram reduzir a considerações medíocres.

Um Modo de Protesto Contra o Suicídio da Europa

Dominique Venner não era nem um extremista nem um niilista, e, acima de tudo, jamais caiu em desespero. De facto, as suas longas reflexões históricas levaram-no a desenvolver um certo tipo de optimismo. Sustentava que a história é imprevisível e sempre aberta, e que ela tanto faz os homens como é feita pelos homens. Dominique Venner rejeitava todo o fatalismo, todas as formas de desespero.

Não foi suficientemente notado que, paradoxalmente, o seu desejo de se suicidar foi um modo de protestar contra o suicídio, um modo de protestar contra o suicídio da Europa que ele observava há tanto tempo.

Um Suicídio de Esperança Racional como Acto Fundacional

Dominique Venner simplesmente não podia suportar que a Europa, a sua pátria que ele amava, se desvanecesse aos poucos da história, esquecida de si mesma, esquecida de sua memória, do seu génio, da sua identidade, de alguma forma drenada da energia pela qual ela foi conhecida através dos séculos. Não tendo podido suportar o suicídio da Europa, Dominique Venner opôs o seu próprio, pois não foi um suicida do colapso ou da resignação, mas sim um suicida da esperança.

A Europa, disse Dominique, está adormecida. Ele queria despertá-la. Queria, como disse, mobilizar consciências entorpecidas. Devemos ser muito claros neste ponto: não houve qualquer desespero no gesto de Dominique Venner. Houve um chamamento à acção, ao pensamento, à continuação. Ele disse: eu dou, eu sacrifico o resto de minha vida num acto de protesto e de fundação. Devemos agarrarmo-nos à sua palavra "fundação". Essa palavra "fundação" foi-nos concedida por um homem cuja última preocupação foi morrer de pé.

Um Samurai Ocidental(3)

Dominique Venner não era um nostálgico, mas sim um verdadeiro historiador, obviamente interessado no passado, mas com uma visão do futuro; não estudava o passado como refúgio, simplesmente sabia que os povos que esquecem o seu passado, que perdem toda consciência do seu passado, ficam, consequentemente, privados de um futuro. Não se pode ter um sem o outro: o passado e o futuro são duas dimensões do momento, nenhuma mais importante que a outra: dimensões de profundidade.

Nesse processo, Dominique Venner guardava, certamente, um elevado número de memórias e de imagens. Dos heróis e dos deuses homéricos, dos antigos romanos, aqueles que o precederam no caminho da morte voluntária: Catão, Séneca, Régulo, e muitos outros. Tinha em mente os escritos de Plutarco e as histórias de Tácito. Tinha em mente a memória do escritor japonês Yukio Mishima, cuja morte é em muitas maneiras similar à sua própria. Não é, certamente, uma coincidência que seu último livro, que brevemente aparecerá (por acção de Pierre-Guillaume Roux(4)), se intitule Um Samurai Ocidental!

E na capa desse livro, Um Samurai Ocidental, nós vemos uma imagem, uma impressão, uma gravura famosa: "O Cavaleiro, a Morte e o Diabo", de Albrecht Dürer. Dominique Venner escolheu deliberadamente essa gravura. Algum tempo atrás, Jean Cau devotou à figura do cavaleiro um maravilhoso livro que, igualmente, se intitulava O Cavaleiro, a Morte e o Diabo. Num dos seus últimos artigos, escrito apenas alguns dias antes de sua morte, Dominique Venner prestou tributo a esse mesmo cavaleiro que, nas estradas e encruzilhadas, continuava a rumar ao seu destino e ao seu dever, entre a morte e o diabo.

"O Cavaleiro, a Morte e o Diabo": Desenhado por Dürer em 1513

Nesse artigo, Dominique Venner refere um aniversário. Foi em 1513, exactamente 500 anos antes, que Dürer criou essa gravura, "O Cavaleiro, a Morte e o Diabo", e essa referência deu-me uma ideia bastante simples que qualquer um poderia ter: reparei nas datas de nascimento e morte de Albrecht Dürer, o homem que desenhou "O Cavaleiro, a Morte e o Diabo", exactamente há 500 anos, e percebi que Dürer nasceu em 1471. A 21 de Maio de 1471. Dürer nasceu em 21 de Maio e Dominique Venner escolheu morrer em 21 de Maio. Se isso é uma coincidência, ela é extraordinária, mas ninguém é forçado a crer em coincidências.

O Coração Rebelde Sempre Estará Lá

É isso que eu gostaria de dizer em memória de Dominique Venner, agora já ido para a grande caçada selvagem, num paraíso onde se podem ver, voando, os gansos selvagens. Aqueles que o conheceram - e eu privei com ele durante 50 anos - aqueles que o conheceram provavelmente dirão que perderam um amigo. Mas eu penso que estão errados. Pelo contrário, acredito que deveriam saber que, desde 21 de Maio de 2013, às 2:422 p.m.(5), ele necessariamente sempre estará lá. Lá, junto dos corações rebeldes e espíritos livres que sempre enfrentaram a eterna aliança dos Tartufos, Trissotins e Torquemadas

(1) Na tradução brasileira
(2) No sentido de discrição, modéstia, moderação
(3) Tanto quanto sei, o título, em Portugal, será: Um Samurai do Ocidente.
(4) Julgo que se trata do editor francês.
(5) A hora está, claro, erradamente escrita na tradução brasileira. Da pesquisa que fiz apenas pude concluir que o suicídio ocorreu entre as 14H00 e as 16H00.

NOTAS

Desconheço a data em que o texto foi escrito por Benoist. Resolvi datar o postal de 15 de Junho, pese o facto do Legio Victrix o ter publicado em 12 de Julho. Sucede que tenho interesse especial em iniciar uma série de postais a partir do início de Julho, cuja sequência não gostaria de quebrar.

Alterei, em muitos pontos e quiçá de forma imprudente, a tradução brasileira. Foi com a melhor das intenções, procurando torná-la mais acessível aos leitores de português europeu. Fi-lo, evidentemente, sem ter presente o texto original e, por isso, desconheço se interpretei bem o pensamento de Alain de Benoist através da tradução a que recorri. Peço que me desculpem e, de qualquer modo, toda a crítica será bem-vinda.
PdL  

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Efeitos da Globalização

Bancos voltam a subir juros às empresas e investimento afunda

Marta Marques Silva, in Diário Económico, com a devida vénia

A taxa de juro do crédito às empresas voltou a subir em Abril. O custo do financiamento bancário para as empresas portuguesas continua sem dar sinais de alívio. Pelo contrário, a taxa de juro média cobrada nos novos empréstimos voltou a aumentar em Abril, apesar da descida dos indexantes no mês anterior, de acordo com os dados ontem publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).

Para os empréstimos até um milhão de euros o custo médio aumentou de 6,55% para 6,62%, enquanto nos financiamentos superiores a um milhão de euros a taxa juro fixou-se nos 5,32% em Abril, acima dos 5,14% registados no mês anterior. Aumentos que surgem por via dos ‘spreads' cobrados pelos bancos, uma vez que a média da taxa Euribor a três meses - principal indexante nestes empréstimos - corrigiu 1,7 pontos base em Março. Os actuais valores já são mesmo superiores aos cobrados no final de 2012.

Nunca é demais relembrar Maurice Bardèche:
O inimigo é o dinheiro. O reino do dinheiro é o reino do estrangeiro; é também o reino do ventre. A primeira coisa que temos a dizer é que o valor de um homem não se conta em dólares, nem a grandeza de uma nação em cifras de exportações. Acima do dinheiro colocamos o homem, acima dos valores das vendas colocamos a disciplina e a energia. Na sociedade que pretendemos o negociante deverá ser como na Índia: de uma casta abastada mas pouco respeitada. Acima há o soldado, o militante, o trabalhador. Acima dele estão todas as pessoas que fazem algo por coisa nenhuma. Porque a grandeza de uma nação está nos homens dispostos a dar tudo sem nada pedirem em troca, o seu sangue, a sua vida, a sua acção…simplesmente pela honra. Quando uma nação já não tem homens desses, deixa de ser uma nação, não é mais que um aglomerado de interesses, uma sociedade por acções, com prisões e polícias.