sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cemitério Paroquial - Talhão Militar

Sou um ex-Combatente do Ultramar. Considero-me um patriota, amo a minha Pátria e orgulho-me de ter combatido em sua defesa. Tenho profundo respeito pelos seus símbolos – Hino e Bandeira – e entristece-me ver como, hoje em dia, eles são, tantas vezes, desrespeitados, sobretudo pelo seu uso inadequado.
Dos soldados que tive a honra de comandar, deixei dois sepultados em terras angolanas. Não obstante, e sempre que passo perto das suas localidades de origem, nunca deixo de visitar o monumento fúnebre que existe no respectivo cemitério. Sei que aqueles meus soldados não repousam ali, mas, de algum modo, consola-me saber que os seus conterrâneos os não esqueceram – nem querem que as novas gerações os esqueçam – homenageando-os com a dignidade que o seu sacrifício merece e justifica.
Nenhum deles era de Alfena, para onde vim há já bastantes anos. Todavia, os alfenenses tombados em combate, por virtude do meu “sentido militar”, merecem-me igual consideração e respeito, razão pela qual e sempre que posso, lhes presto silenciosa homenagem junto do “talhão militar” no Cemitério Paroquial.
Sucede, porém, que o referido talhão militar não tem aquele mínimo de dignidade que os Combatentes caídos justificam e de que a população se possa orgulhar. O local, embora limpo, não é, propriamente, um monumento fúnebre, tratando-se antes de três campas, aliás de uma pobreza confrangedora, que alguém cercou com uma enferrujada corrente assente em enferrujados tubos metálicos, fechando-se o terceiro lado com bocados cortados de uma viga de betão própria para placas e o quarto lado, pelo próprio muro do cemitério. Neste, foi colocada uma lápide de mármore com erros de português e com, apenas, dois nomes. O aspecto geral é paupérrimo, feio, envelhecido e não tem ponta de dignidade. Conforme a fotografia documenta


Deixo aqui um desafio à autarquia alfenense, que é o de orçamentar, para execução no próximo ano, um monumento fúnebre minimamente digno do heroísmo e do sacrifício daqueles militares. Como, por exemplo, o da fotografia que se segue (Arcozelo-Gaia).